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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A cor dos vinhos

A cor é um dos atributos mais importantes para avaliar a qualidade dos vinhos, é a primeira característica a ser notada. Através dela pode-se ter uma ideia da sua idade, da sua evolução no tempo e também de possíveis defeitos. Como indicativo de qualidade ela pode induzir ou inibir o consumo. O consumidor espera determinadas características cromáticas em função do produto adquirido.
A cor de um vinho depende de vários parâmetros tais como a composição das uvas, as técnicas de vinificação e de numerosas reacções que têm lugar durante o envelhecimento do vinho. As maiores mudanças na composição da cor ocorrem durante o primeiro ano (Sommers e Evans, 1986).
A cor permite avaliar a qualidade do vinho, pode influenciar significativamente a apreciação do aroma e do gosto do produto, com uma forte participação na apreciação global (Cristensen, 1983).
Quimicamente a cor dos vinhos é causada por compostos polifenólicos presentes nas uvas e que passam para o vinho durante o processo de vinificação (Melendez et al., 2001). Estes compostos encontram-se sobretudo nas películas e na polpa das castas tintureiras. No vinho tinto, as antocianinas são os principais pigmentos responsáveis pela sua coloração e, no vinho branco, os responsáveis são os flavonóis e as formas quinónicas dos derivados dos ácidos fenólicos e outros polifenóis.
No caso particular dos vinhos tintos, a cor varia constantemente durante a vinificação e armazenamento, com consequentes alterações organolépticas.
A cor dos vinhos tintos não depende só do teor em antocianinas mas está intimamente dependente das características físico-químicas dos pigmentos e do meio onde eles se encontram (Ribéreau-Gayon, 1973; Timberlake e Bridle, 1976).
Os compostos fenólicos, as antocianinas e os taninos em particular, são os principais constituintes dos vinhos implicados em fenómenos de oxidação, que se traduzem por alterações de cor (acastanhamento) e por uma evolução do gosto (perda ou aumento da adstringência). Ao longo do envelhecimento de um vinho tinto assiste-se a uma diminuição de antocianinas monoméricas que depende tanto das condições de armazenamento como das características iniciais do vinho (Cabrita, 2003).
Durante a fase de maturação dos vinhos tintos, desde o fim da fermentação até ao engarrafamento, a presença de oxigénio é responsável por transformações químicas dos pigmentos responsáveis pela cor, essenciais ao envelhecimento. Assiste-se a uma auto oxidação do etanol, que em presença de compostos fenólicos origina pequenas quantidades de acetaldeído, que por sua vez provoca a co-polimerização de antocianinas e taninos (Timberlake e Bridle,1976), (Ribéreau-Gayon et al., 1983).

Vitis vinifera L.


O género Vitis parece ter surgido na era Terciária, mais precisamente no período Paleocénico (Amaral, 2000). O mesmo autor indica que o fóssil mais antigo alguma vez encontrado é o de uma folha existente na Sorbonne, classificado como Vitis balbiana, com uma idade que lhe foi atribuída de 65 milhões de anos.
Muitos outros fosseis de folhas, sarmentos e grainhas das eras Terciária e Quaternária, têm sido encontrados na Europa, na América do Norte e até no Japão.
Como refere Magalhães (2008), a utilização do fruto da videira para consumo directo ou a sua transformação em vinho remontará a uns 10 mil anos, então pelos povos do Neolítico da Transcaucásia (actuais Uzbequistão, Afeganistão e Caxemira). Pela lenta migração dos povos daquela região asiática no sentido ocidental, trazendo consigo propágulos de videira, foram-na introduzindo gradualmente na Mesopotâmia, Geórgia e Palestina, Trácia, Síria, Fenícia, Grécia e Egipto.
A família das Vitáceas compreende 10 géneros de lianas tropicais, que inclui os subgéneros Muscadinia, representado por três espécies com 40 cromossomas, e Euvitis, de que se conhecem 60 espécies com 38 cromossomas (Bohm, 2007).
Segundo Blaich (2000) citado por Bohm (2007), a família das Vitáceas inclui cerca de 700 espécies, na maioria tropicais ou subtropicais, expontâneas na América, Ásia e África, mas em geral sem valor agronómico.
As espécies do género Vitis caracterizam-se por serem lianas sempre lenhosas, cujos sarmentos são providos de gavinhas (contrariamente por exemplo aos da “vinha virgem”, cuja fixação é feita por ventosas), sendo as inflorescências, tal como as gavinhas, oposifólias, com flores geralmente pentâmeras, hermafroditas ou polígamas dióicas (Magalhães, 2008).