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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A Rolha de Cortiça

As rolhas de cortiça asseguram a vedação do vinho dentro do recipiente de vidro. Esta vedação, se prolongada no tempo, promove a maturação do vinho, ou seja, o seu envelhecimento nobre através de inúmeros processos físico-químicos que ocorrem, quer entre os seus componentes, quer entre estes e as substâncias que compõem o ambiente interno da garrafa. Esta evolução gradual do vinho em garrafa dá-se num ambiente com baixíssimo teor de oxigénio, mas necessário e suficiente para fazer evoluir o vinho correctamente. Até agora, só a rolha de cortiça natural consegue proporcionar esse equilíbrio perfeito, permitindo uma correcta evolução do vinho e a formação do tão apreciado bouquet.
O bouquet é constituído por um conjunto de aromas agradáveis que se desenvolvem durante o estágio do vinho em garrafa. É um elemento valorizador, mas que depende da qualidade intrínseca do vinho e das condições em que é feito o estágio. A hermeticidade assegurada pela rolha de cortiça é não só indispensável para os vinhos de estágio, como também para os vinhos de consumo rápido.



Os principais constituintes químicos da cortiça são divididos da seguinte forma:
· Suberina (45%) - principal componente das paredes das células, responsável pela elasticidade da Cortiça;
· Lenhina (27%) - composto isolante;
· Celulose e Polissacarídeos (12%) - componentes das paredes das células que ajudam a definir a textura da cortiça;
· Taninos (6%) - compostos polifenólicos responsáveis pela cor;
· Ceróides (5%) - compostos hidrofóbicos que asseguram a impermeabilidade da cortiça;
· Cinza e outros produtos (5%).
As suas propriedades são inúmeras, destacando-se entre elas: leveza, elasticidade e isolamento.


As rolhas de cortiça natural de melhor qualidade deverão ser utilizadas em VQPRD e vinhos de estágio. As restantes, sobretudo as colmatadas e as aglomeradas, deverão ser destinadas a vinhos mais correntes.
Dimensões da rolha
As dimensões da rolha devem respeitar os seguintes aspectos:
· O tipo de vinho – Para vinhos de estágio aconselham-se rolhas de 45 e/ou 49 mm de comprimento e 24 mm de diâmetro, enquanto que para vinhos de maior responsabilidade, especialmente gaseificados, aconselham-se rolhas de 25 ou 26 mm de diâmetro.
· A dimensão do gargalo - A rolha deverá ser dimensionada segundo o perfil do gargalo, uma vez que o comprimento da mesma fica condicionado pela conicidade da garrafa. Relativamente ao diâmetro da rolha, este deverá ser cerca de 6 mm superior ao diâmetro médio do gargalo da garrafa.

Rolhas Naturais


As rolhas de cortiça natural são fabricadas por brocagem a partir de uma peça única de cortiça. Existem em forma cilíndrica ou cónica e em várias dimensões. As medidas mais comuns são as abaixo indicadas (comprimento x diâmetro), sendo que estas medidas podem variar de produtor para produtor.

54x24 a 26mm
49x24 a 26mm
45x24 a 26mm
38x24 a 26mm
38x22mm
33x21 a 22mm

No entanto, tem-se verificado uma forte tendência relativamente ao uso de 49x24mm, 45x25mm e 38x25mm.

Classificação das rolhas naturais

Na classificação generalizada é frequente encontrar as categorias definidas com os seguintes nomes, segundo critérios visuais:
Flor; Extra; Superior; 1º; 2º; 3º; 4º; 5º ;
A classificação faz-se com base numa amostra de várias rolhas (varia de produtor para produtor) com intervalos de variabilidade aceites. Em alternativa, é o cliente que faz a amostra e procura um fornecedor para executar a encomenda.

Rolhas Naturais Multipeça


As rolhas naturais multipeça são fabricadas a partir de duas ou mais metades de cortiça natural coladas entre si através de uma cola aprovada para estar em contacto com alimentos. São rolhas feitas de cortiça mais delgada que não serve para o fabrico de rolhas naturais de uma só peça. São rolhas com características densimétricas mais elevadas. Quer as medidas mais comuns, quer as classes existentes, são basicamente as mesmas que as existentes para as rolhas naturais de uma só peça. As rolhas multipeça são também muito usadas em garrafas de grandes formatos que exigem calibres de rolha maiores e, como tal, mais difíceis de fabricar numa só peça. As rolhas multipeça não são recomendadas para estágios prolongados.

Rolhas Naturais Colmatadas


As rolhas colmatadas são rolhas de cortiça natural com os poros (lenticelas) preenchidos exclusivamente com pó de cortiça resultante da rectificação das rolhas naturais. Para a fixação do pó nos poros é utilizado uma cola à base de resina natural e de borracha natural. Actualmente, neste processo, também é utilizada uma cola à base de água.
A colmatagem serve essencialmente para melhorar quer o aspecto visual da rolha, quer a sua performance.
São rolhas com uma aparência visual bastante homogénea e com boas características mecânicas. Fabricam-se nas mais variadas formas e em várias dimensões. No entanto, na forma cilíndrica, as medidas mais comuns são as indicadas abaixo (comprimento x diâmetro), sendo que pode haver variações de produtor para produtor.


45x24mm
38x24mm
38x22mm
33x21mm

As medidas mais procuradas são as seguintes:
· 45x24mm
· 38x24mm


Consideramos a sua distinção em qualidades de I, II e III, segundo o nível da colmatagem. Independentemente desta classificação, cada fabricante tem produtos específicos que podem não integrar nenhuma destas classes.




Rolhas Técnicas

As rolhas técnicas foram concebidas para engarrafar vinhos destinados a ser consumidos, em geral, num prazo de 2 a 3 anos. São constituídas por um corpo de cortiça aglomerada muito denso com discos de cortiça natural colados no seu topo – ou em ambos os topos. As rolhas técnicas com um disco em cada topo, são designadas rolhas técnicas 1+1 . Com dois discos de cortiça natural, chamam-se rolhas técnicas 2+2 , e com dois discos apenas num topo chamam-se rolhas técnicas 2+0 .

Os formatos mais comuns no mercado são os seguintes:

44x23,5 mm
40 ou 39x23,5 mm

Como são rolhas de corpo aglomerado, a qualidade da rolha técnica é bastante homogénea. Porém, o padrão visual dos discos de cortiça natural utilizados nos seus topos varia. Quanto à qualidade, são classificadas como sendo Sup, A, B e C., sendo a classe C a mais baixa. Esta classificação pode variar de produtor para produtor.




Rolhas Aglomeradas



Rolhas que são inteiramente fabricadas a partir de granulados da cortiça proveniente de sub-produtos resultantes da produção de rolhas naturais. As rolhas aglomeradas podem ser fabricadas por moldagem individual ou por extrusão, sendo que em ambos os métodos, a substância aglutinadora usada para ligar os granulados de cortiça está aprovada para o uso em materiais em contacto com alimentos. As rolhas de aglomerado são uma solução económica para assegurar uma vedação perfeita por um período que não deverá superar, em geral, os 12 meses. Para além da vantagem económica que apresentam para vinhos de baixo preço e de alta rotação, estas rolhas têm ainda a vantagem de serem completamente homogéneas dentro do lote.


Fabricam-se essencialmente nas medidas de 38x23mm, 33x23mm e 33x21mm.

Quanto à classificação, estas rolhas apresentam categorias que vão variar segundo o peso específico e granulometria das matérias-primas utilizadas.




Vinhos de Portugal


Portugal já tem uma marca umbrella para todos os vinhos portugueses. O Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) acaba de lançar a ‘Wines of Portugal’/’Vinhos de Portugal’, com o objectivo de incrementar a exportação e contrariar a falta de entusiasmo pelos vinhos nacionais no mercado mundial. Numa primeira fase serão privilegiados os mercados dos Estados Unidos e Reino Unido.
A ideia é investir numa marca portuguesa forte, que possa elevar a reputação do vinho nacional nos mercados internacionais, projectando e reforçando os valores associados aos nossos vinhos, tendo como base os premium e superpremium. Esta iniciativa parte de uma necessidade sentida por vários intervenientes do sector dos vinhos, confirmada por estudos realizados no estrangeiro, que evidenciam que Portugal, enquanto país produtor de vinho de qualidade não tem uma imagem forte além fronteiras. Não é negativa mas também não suscita envolvimento. A marca Portugal vai apostar nos valores associados aos vinhos portugueses: as regiões, as castas e os "blends", símbolo do espírito inventivo dos enólogos portugueses que unem assim a tradição e os ensinamentos do passado com as técnicas modernas. (Fonte: Enovitis, 2010)

Finalmente uma acção que fará com que toda a indústria vitivinicola fique a ganhar. Peca por tardia, em relação aos países do novo mundo que já o fizeram à bastante tempo. Quando cada vez mais os produtores de vinho Portugueses combatem entre si, chegando mesmo à intriga e difamação para atingir objectivos que possam demonstrar superioridade em relação aos concorrentes directos. Poderá ser que este país mude, comece a existir união entre os produtores de vinho Portugueses, para que o vinho Português, cujo a qualidade não oferece qualquer dúvida, comece a ser falado, comentado, elogiado e apreciado além fronteiras, ombreando taco a taco com os melhores do mundo. Há que apostar, para o mercado de exportação, naquilo que faz com que o vinho Português seja de facto diferente dos restantes vinhos além fronteiras. A aposta terá que ser nos diferentes "terroirs" que este país oferece, na conjugação entre o mesoclima e os solos. Uma aposta forte nas castas nacionais, que são elas que identificam os nossos vinhos, que os diferenciam do resto do mundo. São as castas nacionais que vão fazer a diferença concorrencial com os vinhos do novo mundo, pois estas são nossas, e o novo mundo continua exaustivamente a apostar em castas francesas. Não quero com isto dizer que Portugal não deve fazer estas castas também, é exactamente o contrario, existe espaço para tudo, mas penso que a nível de "blends" entre castas nacionais e estrangeiras, ou só castas nacionais, será aí que residirá o sucesso do vinho Português, e aquilo que fará com que a crítica estrangeira e o consumidor estrangeiro , vá comprar uma garrafa de vinho Português.
O futuro está nas mãos dos Enólogos e Viticultores Portugueses, nas decisões técnicas e comerciais que tomarem doravante. Será que as empresas vitícolas Portuguesas têm capacidade e humildade para defender um interesse nacional além fronteiras, deixando-se de teorias egocêntricas e prejudiciais para um país vitícola que é o nosso?